Le Saint Christophe

Uma autêntica experiência da horta ao garfo

 Depois de anos de importação de ingredientes do mundo todo, os chefs no Brasil voltam ao básico: o produto local. Uma forma de garantir frescor e identidade, estimular fornecedores e diminuir impactos ambientais. Christophe Besse, porém, dá um passo além. Há cerca de 40 minutos da capital, numa área de mata preservada no município de Itapecerica da Serra, o chef abre seu novo espaço para o público e inaugura o Le Saint Christophe, um verdadeiro “ farm to table restaurant”.

Um gramado bem cuidado, um gato que passa, a piscina, bandos de passarinhos, uma horta abarrotada de ervas e hortaliças. Um casarão com uma cozinha-laboratório, equipada com fornos de última geração, defumador, resfriador, termocirculador e tudo quanto é utensílio. Um salão com nada mais que sete mesas, sendo seis delas para duas pessoas e uma redonda familiar, que só serão ocupadas sob reserva. Assim é o Le Saint Christophe.

O objetivo é atender a demanda orgânica e o desejo por refeições únicas em lugares exclusivos com atendimento personalizado. “Penso no Saint Christophe como um destino gastronômico alimentado pela estrutura ao seu redor”, adianta o chef suíço. Em outras palavras, para justificar seu arsenal de receitas, ele se valerá dos ovos caipiras, dos peixes, dos queijos, dos legumes, das ervas e das frutas da região, numa pegada ecológica sem ser panfletária, onde tudo é para o consumo imediato – ou, no máximo, para o preparo de conservas e geleias para quando um ingrediente estiver fora de época.

Nesse sentido, Besse terá sempre dois cardápios – um composto de “amuses  bouche”, entrada, prato principal e sobremesa e outro com uma entrada a mais – mas jamais pratos fixos. O cardápio pode começar pela tartine de queijo de cabra meia cura ou pelo ovo do galinheiro à la coque, quente e molinho com espinafre, pimenta defumada e farofa de bacon; passar por um cassoulet de feijão branco gratinado com linguiça caseira defumada ou por um mignon suíno com a mostarda em grãos preparada na casa e risoto de cevada; ser finalizado com panna cotta de capim-santo da horta ou sorvete de café e banana assada.

A lista sem fim de receitas do cozinheiro depende exclusivamente do que estiver à disposição, com garantia da proveniência confiável e dispensando o discurso de que tudo é artesanal porque simplesmente tudo é. Um menu diretamente da horta para o garfo. Uma experiência sempre a mais fresca possível.

“A simplicidade tem um gosto bom. Uma cenoura recém-colhida, o pão assado na hora, o queijo da vizinhança, os ovos caipiras de cores e tamanhos diferentes que saem do galinheiro, o mel da cidade das abelhas, as coxas de rá de São Lourenço, as trutas frescas de Bragança. Mas para trabalhar esses produtos, valorizo os métodos de cocção: a baixa temperatura, a grelha, o forno a lenha, o defumador”, explica Christophe. A grosso modo, o chef se dedicará a uma culinária rural e autossuficiente, regida pelo rigor técnico e pelo frescor.

Em última instância, o Le Saint Christophe promove a sensação de clubinho gastronômico, de um lugar para comer sem pressa, sem se preocupar com a conta e ou com como voltar para casa, já que o preço é fixo e há um serviço de transfer à disposição. Um clubinho onde é possível fazer um aperitivo no coreto ao final da manhã e também escutar o silêncio no jardim iluminado por tochas numa noite recheada por pizzas ao forno de lenha. “Quero que as pessoas façam do Saint Christophe a extensão de suas casas”, conclui Besse.

Para além do restaurante, o espaço pode abrigar mini-weddings e eventos corporativos (há uma sala de reunião equipada com tela e projetor, por exemplo), encontros familiares (há duas piscinas aquecidas, vestiários e playground), de confrarias, assim como workshops de cozinha.